Creio Em Fadas E Dragões
Creio em fadas e dragões
Em árvores que escutam
E pedras que falam
Ilumino a trivialidade dos dias
Com sorrisos do gato brincalhão
Do país da Alice
E converso com o espantalho
Ao final das tardes de verão
Coitado, ele, por vezes, está cansado
Pesa-lhe Oz nas horas de dúvida
A fiar hipóteses de perigos vários
A bruxa do Norte e as congéneres de Macbeth
Trazendo morte e sangue aos desavindos
Fogo letal ao seu corpo de feno
Angústia de separação a povoar a saudade
De Dorothy
Naufrágios compulsivos sob a égide
De Moby Dicks sedutoras
Chaves perdidas para portas de sol urgentes
Creio em fadas e dragões
Seres pequeninos que habitam os interstícios
Dos nossos horizontes cerrados
Vozes sábias de Deuses olvidados
Castelos abertos de pontes suspensas para o mar
Sereias traquinas a entreterem redes de peripécias
Cavaleiros-sem-Cabeça a percorrerem eras a fio
Numa demanda de coragem
Vítima da servidão do amor
E por isso, nunca me aborreço
De estar aqui ou ali
Porque estou sempre aqui e também ali
Deste e do outro lado do espelho
Rio-me com o Peter Pan
Deixo-me encantar pelos amuos da Tinkerbell
E escondo-me dos beliscões ásperos dos Muggles
Na teia de Carlota
Lá na torre inacessível da bela Rapunzel
Ana Wiesenberger
10-07-2013
Imagem - Florence Harrison