Conheço Uma Árvore Inconformista
Conheço uma árvore inconformista
Rebelde, até, talvez
Deceparam-lhe o tronco
Só ficou um coto
Uma lembrança da sua existência
Um vestígio velado para a memória
Daqueles que nela um dia repararam
E no entanto, ao fim de um tempo
Ao passar junto ao que dela restava
Fiquei estupefacta
O passeio estava lavrado de verde
Das raízes poderosas brotaram folhas
Construíram uma grandeza de arbustos
Sebes da vontade alheia
Que a quis condenar ao não-ser
Uma floresta em ponto pequeno
A adensar por entre as pedras
Alinhadas por homens
A força da natureza
E eu comovi-me
Fiquei enlevada pela determinação
Da velha árvore que não quis morrer
E derramou a força do seu querer
Numa dimensão de grito
Desejei, assim, ser irmã dela na pujança
Na transcendência dos destinos
Ana Wiesenberger
15-07-2013
Imagem - Margarita Sikorskaia