Sinto O Meu Povo A Borbulhar De Raiva

Sinto o meu povo a borbulhar de raiva
A voz sangrada
já não teme ser sangrenta
As camisas rotas que o desespero amotinou
Não se vêem nas vestes
Só na voz e nos gestos crispados
O meu povo minado de roubo e corrupção
Ameaça barreiras
Ergue as bandeiras
De uma dignidade ultrajada
Num quotidiano de medo e repressão
Foram-se os postos de trabalho
E a esperança de serem recuperados
Foram-se os nossos filhos além-fronteiras
Por verem negadas as perspectivas de vida
E o reconhecimento das qualificações
Meu povo triste, de gerações maceradas
Ainda na memória do hoje
Que se quis acreditar democrático
Meu povo
Tocha de coragem em tempo de fome e de amargura
Ultrapassa a sombra da resignação
E Reivindica o teu país
Meu povo
Povo de Portugal
Queimemos os elos da hipocrisia malfazeja
Rasguemos com os nossos dentes cansados
As mordaças dissimuladas deste poder
Sejamos a força das quinas da nossa bandeira
Salvemos a nossa terra, a nossa herança
O nosso hino
Tracemos de novo, com coragem
O destino da nossa pátria
16-09-2012
Ana Wiesenberger (in Portugal, Meu Amor)
Imagem - Honoré Daumier