Feliz Natal, Senhores Governantes!
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Espero que se sentem à mesa em harmonia
Enquanto a discórdia feita de miséria
É o quotidiano de muitos de nós
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Espero que se sentem à mesa
Felizes pela companhia
Enquanto a dor alastra nas famílias
Em que um membro pôs termo à vida
Vítima da faca aguçada das vossas medidas
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Espero que se sentem à mesa
De rostos afogueados pelo calor da sala
Enquanto as ruas estão apinhadas de sem-abrigo
E muitos já as adivinham como próximo destino
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Espero que se sentem à mesa
De narinas exaltadas pelos vapores da gastronomia
Enquanto os Portugueses medem as fatias e as colheradas
Da consoada que as mães e as esposas conseguiram reunir
A medo
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Espero que se sentem à mesa
De olhos cheios pela alegria das vossas crianças
Que desembrulham presentes em abundância
Enquanto as outras se conformam com a ausência
Talvez tivessem vivido acima das suas possibilidades
Comportaram-se mal e agora o Pai Natal castigou-as
Feliz Natal, Senhores Governantes!
Que a ceia vos saiba a sangue e a morte
Que os manjares copiosos deglutidos
Vos dêem nos pesadelos
A premonição do vosso fim que chegará
Ana Wiesenberger
15-12-2013
Imagem - tirada do google