Serão Duas, As Estradas
Serão duas, as estradasQue me levam para casa
Serão duas, as estradas
Num único propósito
De me recolher dos caminhos
E me abrigarem do mundo
Serão duas demais
Quando nem uma consigo
Conter em mim
Quando a febre do meu ser confuso
Desatina gargalhadas de lava e cinza
Num borbulhar de dor
Serão duas e eu nada vejo
Na penumbra dos meus dias de esquecimento
Do que fui, do que sou, do que serei
Serão duas luzes, duas estrelas
A iluminar a noite imperscrutável
Da minha vida
Serão duas as mãos que me levantam
Do pó do meu canto
Da nudez dos meus pensamentos
Que me dominam sem trégua
Nem misericórdia por fundar
Serão duas as existências
De rumos fundidos
Numa tapeçaria louca que construi leviana
No tempo do não ser
Serão duas as extremidades em que vigilo
A minha respiração fantasiosa
Com medo que o meu ser decida
A morada do silêncio final
Ana Wiesenberger
06-01-2013
