Acordei Bastante Tarde
Acordei bastante tarde
Dormi muito; não bem, mas muito
Como se tivesse passado a noite
A procurar nas horas longas
O descanso para as minhas forças amarrotadas
Que não vinha
Agora, café
De facto, muito café
Na ilusão terna, de que a cafeína me desperte
E a cada célula devolva
A capacidade plena de vivenciar a realidade
Com os cinco sentidos
A tecerem um Sol miraculoso
Na escuridão da minha dúvida
Há uma tertúlia de poesia
Onde eu queria estar esta tarde
O meu espírito já foi para a estação
Com receio de não apanhar o comboio
E perder o início da sessão
Mas o corpo está inerte
Aconchegado em almofadas na cama
A abominar movimento
Num cansaço que enrola o tempo
Num novelo emaranhado
Cheio de nós complicados
A desafiarem a minha paciência
E então, que faço?
Mais café, mais ar, mais vozes
Que chegam a mim pela janela do meu quarto
Para me lembrar que há vida lá fora
E eu devo elevar-me inteirinha no balanço da brisa
E agarrar o dia
Com as mãos postas em oração
Ana Wiesenberger
28-04-2013