Quando Os Gritos Morrem Na Garganta
Quando os gritos morrem na garganta
Sob o estrangulamento do que deve ser
Do que não pode ser
Quando as emoções são fumadas
Em cigarros de dor
Reduzidas a cinza nos cinzeiros
Ao cheiro baço que se infiltra
Em todos os cantos da casa
Quando os diálogos são iguais
Em todos os dias
Às mesmas horas
As palavras são meros semáforos
Para concretizar acções vazias
Por entre paredes derrotas
Na sua condição de lar
Quando sentes frio
E o barómetro marca uma temperatura
Amena
Quando as vozes na tua cabeça
São a agonia do silêncio em redor
Quando te desligas à noite
No abraço de um composto químico
Quando despertas sem vontade
E o café é lento a dar-te corda ao corpo
Quando encetas uma data
Com os gestos, já gastos na anterior
E nem sabes, porque o fazes
Então, existes
Mas não vives
Ana Wiesenberger
30-10-2013
Imagem - Samuel Van Hoogstraten