Pai
Pai,
Os meus pulsos nunca ficaram fortes
Mas não te vou desiludir, descansa
Tenho a alma salpicada de marcas puras de leopardo
E os meus olhos míopes vêem tão bem como as águias
Pai,
Às vezes, receio inspirar a força do dia
Mas depois, a brisa vem
E faz-me adivinhar os murmúrios das folhas
Pai,
A solidão das promessas por cumprir
Abre feridas na minha pele
Mas eu não tenho medo
Hei-de hastear as minhas bandeiras bem alto
Sofrer a tortura do escárnio
Aguentar a indiferença, a má vontade
Dos que não querem pensar
Pai,
Quando eu perder a força e me esvair de mim,
Por favor, estende os teus braços para me amparar
Na angústia da queda, que não desejo
Só os que são esquecidos
Morrem verdadeiramente
Ana Wiesenberger
Imagem - fotografia do meu pai