Príncipe Encantado
Príncipe EncantadoSempre soube de cor
Como ele seria
Não viria até mim
Montado num alazão digno de alta caudelaria,
Mas podia surgir
Numa moto de alta cilindrada,
Ao volante de um jipe verde sem capota,
Daqueles, que já fizeram muitas milhas e quilómetros
Seria alto e bem constituído,
De ombros largos e expressivo
A convidar-me a mergulhar
Na profundidade verde ou azul do seu olhar
Saberia muito de moléculas e células,
De animais, de plantas e de doenças
E gostaria de dormir ao ar livre, em tendas,
Em qualquer latitude
Saberia contar-me histórias e estórias
E eu nunca me cansaria de o escutar
Faríamos muitas viagens,
Mas, também, teríamos um lar, algures
Com baloiço no alpendre e serenidade
Ao tombar do dia
Talvez, também, tocasse piano ou violino
Para nos encher a casa de beleza,
Mas nunca perderia um minuto
A ver jogos de futebol, em frente à televisão
Teríamos filhos ou não,
Bichinhos, esses, sim, com certeza
E nunca teríamos medo de esbanjar tempo
Para nos encontrarmos
Numa tela de principiante,
Num bordado simples,
Numa melodia
Ou num poema
Ana Wiesenberger (in IDADES)
