Fico Ébria De Tanto Querer Sonhar
Fico ébria de tanto querer sonharPesam-me os dias cinzentos
E a inquietude enlouquece-me
Ahab rendido a uma Moby Dick
Sempre longínqua
Desfio planos de evasão impossíveis
Que não me convencem a acarinhá-los
Pequenos nichos de encontros
De corpos emaranhados
Numa Voz Subterrânea
Que alcançou a luz real
E fico triste e envergonhada
Por não conseguir tocar o mosto
A madureza de uma maçã por saborear
Votada à eternidade do meu medo
De sentir
Recatada, sem enlaçar as mãos à beira do rio
Que eras tu
E que eu me recusei a ver
Mas tudo isso, já são verdes de outrora
Que agora amarelecem no Outono
Do que quase consegui ter
E deixam-me na nostalgia dos caminhos
Que poderia ter percorrido
Se não fora
A imensidão ferida das asas sacrificadas
Na senda de um amor absoluto e natural
Ana Wiesenberger (in Nós Poetas Editamos IV)
Imagem de Ricardo Fernández Ortega
