Tornei-me Um Nó Imenso
Tornei-me um nó imensoUma tocha incandescente de dor
À deriva pelos dias
Que se foram, que vão
Que hão-de vir
Nada em mim aponta caminhos
De Sol e madrugadas felizes
Recolhi todas as chaves
Mas não achei a porta
Deitei-me à soleira de muitas
Quando o cansaço me obrigava
A relaxar os músculos de procurar
O tempo é um fio doloroso
A que nos agarramos como náufragos
Fantasmas de nós
E do que poderíamos ter sido
E rasga-nos as entranhas
Quando a noite nos assola o espírito
Para escavar bem fundo
Todas as ausências que nutrimos
E todas as âncoras que recusámos
A bordo de um navio fantástico
Desse capitão holandês
Que nos fez perder a alma
Agora já é tarde para sairmos da caverna
E abandonar o mundo das sombras
Que tomámos por real
A luz queimar-nos-ia os olhos
Devolveria os nossos corpos à terra
Reduzir-nos-ia ao pó
Estrelas desfeitas num universo moribundo
De um criador louco
Ana Wiesenberger
14-01-2013
