De Tantas Janelas Em Portas Desenhar
De tantas janelas em portasDesenhar
E fingir que sentia a brisa
Desabituei-me de respirar
Dei nós nos pulmões
Mumifiquei a paisagem dos dias
Em Naturezas Mortas
E errei pelas galerias
De um museu de memórias
Feridas perpétuas
A rasgar na consciência
O que podia ter sido
E não foi
De tantos silêncios suportar
Desabituei-me de comunicar
Engoli os pensamentos
Sem lhes dar voz
E deslizei pelos livros
Como nómada
À procura de uma pátria de palavras
De tantas errâncias
Confundi meu ser
Em ambivalências
Paradoxos
De quem quer ir
E ficar
Ser
E tornar-se
Vida
25-02-2013
Ana Wiesenberger
Imagem - Gabriel Sainz