Do Abril Mágico Da Minha Pré-Adolescência

Do Abril mágico da minha pré-adolescência
Ficou a distância a alongar-se em dor e revolta
Por ter acreditado que as portas se tinham aberto
Que os presos vítimas do regime de mordaça
Tinham sido libertados
Que o povo tinha voz
Do Abril ao longe
Que em cada dia que passa
Marca mais a ausência
Ficaram janelas nas nossas almas
Agora novamente gradeadas
De medo e angústia
Do Abril quase irreal
Ficou-nos a consciência triste
Feita de cumplicidade de um povo desatento
Que permitiu aos algozes da democracia
Estenderem as suas raízes canibais
No solo do nosso país pequenino e lindo
Do Abril guardado no peito
Ficaram as mãos inocentes de sangue
A empreenderem combates com as armas de outrora
Que talvez já não nos sirvam para abrir caminho
Do Abril que teremos de fazer acontecer
Não ficarão cravos nem canções
Será ainda e sempre verdade
Que O Povo Unido Jamais será vencido?
Ana Wiesenberger (in Portugal, Meu Amor)
21-04-2013