Entre Patas E Garras de Amor
Entre patas e garras de amor
Repousam meus afectos contínuos
E enormes de ver
Entre focinhos e pêlos fofos
Refugio o meu rosto do mundo
Na hora do amor
Faz-me tanta falta o miar e o latir
Que já não oiço
Os dentinhos agudos, brincalhões
A ameaçarem carinhosas proximidades
À minha pele triste
Num esboço de dentada
Feito de ternura
A minha memória é uma galeria de cor
E de cheiros
Sepultados pelos caminhos que o tempo lavrou
Todavia, mais reais que o ar que respiro
Que me devia nutrir de capacidade
Para amar este mundo imperfeito
Em que tudo é o que não é
E parece ser outra coisa ainda
Que nem linda é
Obrigada, meus amigos de sempre, para sempre
Por terem franqueado o cerro do vidro fosco
Em que me tornei
Obrigada por não me permitirem fechar a porta
Do ser, do sentir e do partilhar
Obrigada por me embalarem na harmonia
Na sabedoria ancestral dos vossos gestos
Obrigada por me ensinarem a amar
Ana Wiesenberger
21-05-2012
Imagem – Cori Solomon