Este Corpo É Uma Hiena Doente
Este corpo é uma hiena doente
Condenada a errar a sua fome permanente
Que a ausência de dentes capazes
Não lhe permite saciar
E contudo, tenho voos de águias
A explodirem no meu peito imenso
E prelúdios de caça grandiosa
Em esgares de lobo premeditado
De olhos vagabundos de horizontes
Dói-me a insensatez deste vulto
Que ora exulta, ora cai
Ora é, ora não é
Querendo picar o ar como os falcões
Enquanto rasteja humilde como as cobras
Amedrontado, inquieto, preso
Nos ecos insofismáveis das vísceras mestras
Ana Wiesenberger
Março 2014
Imagem - Arnold Böcklin