Fazem-me Falta As Vossas Vozes Poéticas
Fazem-me falta as vossas vozes poéticas
O Eco das palavras debitadas
A formar círculos dentro de nós
Como se fôssemos lago e os poemas
Pedrinhas traquinas lançadas
Pela inocência em busca de sentido
Fazem-me falta os momentos de inquietude
Os nossos nomes que alguém diz ao microfone
Para nos chamar a uma ribalta
Só concebida nos nossos sonhos-águia
Porque na realidade é só um cantinho do bar
Onde a esperança de sermos ouvidos e compreendidos
Nos dá força para elevarmos os nossos registos
Numa oração partilhada
Fazem-me falta os minutos ansiosos
Antes da chegada aos locais
Os do regresso, também, em que satisfeitos
A alma respira uma harmonia benfazeja
Por entre o cansaço dos músculos
Que os nervos vergaram para dar corpo
À mensagem, ao mistério do verbo sempre renovado
Sempre reconstruído e singular
Para servir a convulsão dos sentimentos
A balbúrdia dos caminhos
A bússola das horas vividas intercaladas
Com o fio onírico do tempo subjectivo
Que nos sustém
Ana Wiesenberger
20-08-2014
Imagem - Victor Nizovtsev