Já não sei, se sou o martelo
Já não sei, se sou o martelo
Que teima em se abater sobre o prego
Se o prego que entorta
Mas se recusa a entrar na madeira
Como dele, aliás, se esperava
São muitos os dias
As cores e os sons confundem-se
As normas são para ser quebradas
Às vezes?
Muitas vezes?
Nunca?
A arma do crime estava na sala
Mas ninguém a viu
Era um pequeno coração de ouro
Encerrado numa caixinha bege
Com o nome da ourivesaria
Que entretanto, já não existia
Falira sob o peso
De tantas juras de amor
Ana Wiesenberger
27-03-2017
Imagem – Paul Klee