Livros
Livros
Papéis pintados, talvez
Telas vivas de cores e cheiros
Que abrimos e fechamos
Ao sabor da nossa apetência
Feita de tempo e de vontade
Livros
Companheiros fiéis na nossa solidão
Exorcismo estilizado do nosso medo
De enfrentar o vazio
Livros
Que nos seguem nos percursos
Nas malas do tempo já consumido
Nos momentos entreabertos a tecer desejos
De plenitude
Nos outros que nos deixam confusos, perdidos
Às avessas de nós
Livros
Que oferecemos, como se fossem mensageiros
Do nosso sentir
Que guardamos na memória esbatida
Fios distintos entrelaçados na tapeçaria singular
Construída pelas nossas escolhas, as nossas viagens
Num emaranhado de sedução feito de títulos e capas
Lombadas com nomes que nos chamam em sussurro
Que nos convidam a ver a vida através de outros olhos
Noutros palcos distantes da nossa realidade
Livros
Que nos transtornam
Que nos despertam
Que nos libertam da apatia
Que nos abraçam na hora de Morfeu
Que nos convencem a ser iguais
Sendo únicos
Ana Wiesenberger
07-02-2014
Imagem- Gerrit Van Vucht