Na Cabeça Vazia Pesam-me AS Vozes
Na cabeça vazia pesam-me as vozes
Que não consigo escutar
Oiço-as já, só como ruído, perturbação
Do meu silêncio arrebatador
Quebram-se nas pontes os pilares dos sentidos
A que me agarro em vão
E despenho-me numa imensidão de incerteza
Aguarela tépida a esfumaçar fios tremendos
De tempo e tempos por adivinhar
São cruzes ou são corvos
Que os meus olhos cansados descobrem
No horizonte tenaz da minha paisagem interior
Não consigo agarrar os contornos das coisas
As muralhas são redes envenenadas por medos
Dos ecos dos meus fantasmas febris
Os olhos dobram-se sob o peso dos séculos
Catedrais dispersas de Deuses reais e irreais
Que me rasgaram o peito em preces absurdas
Escuto agora a água a cantar numa fonte qualquer
Que ainda sangra dentro de mim
Centopeias melodiosas de sonhos
Ana Wiesenberger
27-05-2012
Imagem - Albert Birkle