Corredores
Corredores
Não vejo portas, mas sei
São corredores
Túneis; espaços longos, estreitos
Que vão dar a outros
Ou talvez não
Corredores
Estreitos, gargantas de monstros
Onde fomos parar
Sem dar por isso
De onde é preciso sair
Mas nunca
A qualquer preço
Corredores
Línguas confinadas que nos aprisionam
Ilusões de caminhos bifurcados
Que alguém se esqueceu de concretizar
Corredores
Escuros, luminosos
Breves, longos
Passagens que nos gradeiam a escolha
De ir ou ficar
Corredores
Que talvez nos levem ao Sol
Que talvez nos escondam na penumbra
Que talvez sejam a outra face da Lua
O outro modo de ser, estar, viver
Num entretanto contínuo
Que nos assusta
Que nos estrangula
O grito
A consciência de estarmos imersos
Perdidos na teia da razão
A suplicar um amanhã cristalino
Que já não vem
Ana Wiesenberger (in Corredores)