O Tempo dentro de nós é um fluir constante
O tempo dentro de nós é um fluir constante
Onde o passado vive de mãos dadas com o devir
E se não logra furar o filtro da memória consentida
Assalta-nos em sonhos transpondo o muro frágil que erguemos
Para nos defendermos da dor de sentir o que foi e já não será
O sono levou-me a noite passada aos corredores da escola
O mundo de tinta, papel e crescimento onde eu era feliz
Fiz revisões dos verbos no passado numa turma
Fui buscar os testes para a seguinte à reprografia
O passo sempre apressado, os minutos sempre calculados
A vontade convicta a tecer malabarismos para afastar os escolhos
Noutra esquina onírica deambulei pelas ruas a gritar: Becky! Becky!
E a alegria de vê-la, de encontrá-la, depois de se ter perdido de mim
Foi tão forte que me devolveu à realidade e deixou na chávena de café
O travo amargo de uma saudade irremediável
Ana Wiesenberger
01-08-2018
Imagem – René Magritte