Leio Desalmadamente
Leio desalmadamente
Como se os livros fossem tábuas
As palavras, pregos
E só o verbo me alimentasse
A existência
Saboreio as ideias dos autores
Vou ao encontro das imagens
Da biografia por detrás de cada obra
E alegro-me como uma criança
Quando são vivos e acessíveis
À comunicação
Há os desconhecidos
Os que já conheço um pouco
Dois ou três volumes de companhia
Há os que tememos ler
Porque entram dentro de nós
E fazem estragos irreparáveis
Há os que queremos ler e não conseguimos
Porque não os encontramos
Ou porque nos encontramos
Quando para eles
Não estávamos preparados
E por isso, junto à minha cama
E debaixo dela
Armazeno uma profusão de estilos
E discursos
Para não ter de me erguer do leito
Para encetar o diálogo necessário
Ao tempo antes de adormecer
Com um parceiro adequado
Ana Wiesenberger
02-06-2015