Se eu fosse um polvo Tinha muitos pés para secar Depois do banho
Se eu fosse um pato Escondia-me por entre o mato Junto ao lago E fazia um quá quá estridente E inesperado Para assustar no banco, os namorados
Se eu fosse um ganso selvagem Fazia muitos voos nocturnos Com escalas intercaladas em lugares interessantes E mesclava a quietude da noite Com o grito do meu bando
Se eu fosse um gato Perseguia os passarinhos com o meu olhar intenso E abria as garras a tempo de os apanhar Só para me divertir Ou para os devorar Se o meu estômago estivesse vazio E não houvesse prato de comida à minha espera Num canto da cozinha
Se eu fosse um cão Fazia um sonoro ão ão Para a vizinhança da presença de um estranho alertar E conhecia as pessoas boas e más pelo meu nariz astuto Sem precisar de indicadores filosóficos ou políticos
Se eu fosse um lobo Era dono das florestas e tinha um covil inacessível nas montanhas Onde aguardava ansioso que a neve me cobrisse de encanto e magia Para me confundir com a paisagem
Se eu fosse, se eu fosse Quem dera sempre ser O que se não é Para aprender a ser O que realmente se é