Quando O Tempo Vai E Vem
Quando o tempo vai e vem
Num percurso sem sentido
Há que enveredar pelas sombras
E descobrir o campo magnético
Que o disparata sem nos suster
Ana Wiesenberger
31-03-2019
Imagem – René Magritte
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Quando o tempo vai e vem
Num percurso sem sentido
Há que enveredar pelas sombras
E descobrir o campo magnético
Que o disparata sem nos suster
Ana Wiesenberger
31-03-2019
Imagem – René Magritte
O tempo dentro de nós é um fluir constante
Onde o passado vive de mãos dadas com o devir
E se não logra furar o filtro da memória consentida
Assalta-nos em sonhos transpondo o muro frágil que erguemos
Para nos defendermos da dor de sentir o que foi e já não será
O sono levou-me a noite passada aos corredores da escola
O mundo de tinta, papel e crescimento onde eu era feliz
Fiz revisões dos verbos no passado numa turma
Fui buscar os testes para a seguinte à reprografia
O passo sempre apressado, os minutos sempre calculados
A vontade convicta a tecer malabarismos para afastar os escolhos
Noutra esquina onírica deambulei pelas ruas a gritar: Becky! Becky!
E a alegria de vê-la, de encontrá-la, depois de se ter perdido de mim
Foi tão forte que me devolveu à realidade e deixou na chávena de café
O travo amargo de uma saudade irremediável
Ana Wiesenberger
01-08-2018
Imagem – René Magritte
De como tão contrário a si
Pode ser o amor
Escreveu Camões com intemporal lucidez
O fogo que arde sem se ver
Deixa muita cinza pelos cantos
Palidez e frio nos dias
Morte assumida nos braços caídos
Já sem préstimo para ósculos e enlaces
A triste madrugada da partida
Repete-se ao longo das páginas do calendário
Nos pares, que de formosos e não seguros
Já nada resta
E se o amador na coisa amada se transformou
Perdeu a pena e o rumo
Dos olhos cor de limão que julgava bom porto
Só o travo amargo lhe enche o copo das horas
O tempo traz consigo inevitavelmente
As mudanças da vontade e da consciência
E esgotadas as novas artes, novo engenho para buscar
Fica apenas o colo pleno de esperança amarrotada e vã
Um não sei quê, que nasce não sei onde
E mesmo, quando até se sabe o porquê
Dói como um perene desconcerto
Ana Wiesenberger (in Corredores)
16-06-2015
Imagem – Vladimir Kush
7 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.