As Memórias Mais Doces Que Me Acompanham
As memórias mais doces que me acompanham
Têm bigodes hirtos e olhares profundos
Patas fofas desajeitadas ou leves como veludo
Com esses seres maravilhosos
Aprendi a proximidade
A partilha do tempo e das emoções
A suavidade da ternura natural
O calor da pertença
Que ergue o muro contra a solidão
Ao longo dos anos vivi despedidas dolorosas
Focinhos que segurei entre as minhas mãos
Molhados com a angústia das minhas lágrimas
Mas continuei a aventura do amor
Nos que se sucederam
Que fui encontrando pelo caminho
E hoje, sinto-me profundamente grata
Por a vida me ter dado a capacidade
De ser mãe, não apenas na minha espécie
Mas também de alguns filhotes de pêlo
Abandonados pelos humanos infames
Desprovidos da essência do amor
Imolados à compulsão do Ter
Em vez do Ser
O Dia Internacional do Animal
Não pode ser só a 4 de Outubro
Abramos as mentes dormentes
De cálculo e esterilidade
Façamos de novo o milagre da criação
Em cada dia
Em cada rosto
Um mundo novo de respeito e Amor
Ana Wiesenberger
04-10-2014
Imagem - Franz Marc