É tão bom disparatar
É tão bom disparatar
E com as ideias e as palavras brincar
Como se a loucura fosse uma blusa
Linda de se usar
Para mais tarde, se cansar
Com severa racionalidade lavar
É tão bom entre o delírio das nuvens saltar
E muros de paciência e bom senso galgar
Como se fôssemos meninos e meninas
À vida a brincar
E pudéssemos em espasmos de riso
Sobre a relva rebolar
E o dia na banheira com patos de borracha
E o cuidado das mãos das nossas mães acabar
É tão bom doidejar
Sem ter o nonsense como base para se agarrar
Porque para algo se justificar
Já é querer o bom juízo não dispensar
E a brincadeira toda estragar
É tão bom além de nós passear
E o tempo longe da casca degustar
Os nossos medos e os nossos males
Numa cova enterrar
E assim, da prisão da tristeza se libertar
Ana Wiesenberger
05-03-2017
Imagem – David Cory