Vivo por correspondência
Vivo por correspondência
Numa época epistolar
Que, pelo menos, preza
Pela celeridade
As mensagens ora breves, ora longas
Sustentam a minha necessidade
De não me sentir ausente deste mundo
De poder acreditar
Que alguém lá longe pensa em mim
Mesmo que, ao de leve
E o dia desliza em frente ao ecrã
As horas, os meses passam
E a existência assim vivida
Sabe a papel pardo de embrulhos
Que há muito recebemos com amor
Não sei, se a escrita é fuga
Exílio, ou apenas a vontade
De ser muitos rostos, muitos destinos
Que poderiam ter sido reais
Se tivéssemos voltado à esquerda
Ou à direita
Nas encruzilhadas do destino
Ana Wiesenberger
22-12-2016
Imagem - René Magritte